O ESPÍRITO LIVRE

Este espaço tem como objetivo aglutinar todo o emaranhado de idéias que eu tenha produzido. Um espaço de reivindicação para a construção de uma nova sociedade e de resistência ao senso comum

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Sonhos²


O difícil prazer de sonhar



Recomeçar não fácil e tampouco sei se é o correto. Estou me dispondo a fazer algo que meu coração manda, com não faço a muito tempo... Parei muito pra pensar no que falamos um para o outro e percebi o quanto sou egoísta em não tentar buscar as soluções dos problemas, sempre orientado pela ira, raiva e explosão momentânea.


Enfim, você faz parte de mim, é parte indivisível do meu ser, que se constrói a cada dia e cada segundo vivido. Ficar sem você é abrir mão de um pedaço de minha existência, de fragmentos do que sou.


Indeciso e incompleto, no que penso, me sustento, então tento encontrar razões para os problemas que sinto e sei que os tenho. Destes, não é o pedaço acima que oscila, vacila ou coisas das quais discutimos. Preciso me reencontrar em mim mesmo, entender os caminhos que se desenham e tentar arquitetar o que quero deles, pois se eu posso fazê-los vou precisar alguém que o preencha com cores de alegria e felicidade, para brincar e transformar cada dia cinzento e chato em um arco-íris maravilhoso.


É, sonhar e divagar não é tão fácil quanto parece, um sonho pode ser eterno, com meio e fim, com fim sem meio ou meio sem fim, não importa! O interessante de tudo isso, é haver sonhado...



Vem sonhar comigo?



quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Sonhar: Tudo tem sua origem!

Acordo, sensação de muito sono, talvez por no dia anterior, ter ensaiado o que seria seu dia perfeito. 
Pessoas nas ruas, parece ser um dia especial, trabalhadores a festejar.
Tudo pronto, eu estou sentado aguardando um sinal verde
Você sai na frente, rápido como nunca
Sua cabeça brilha mais que o sol, um amarelo maravilhoso
É seu dia
De repente o acaso
Algo estranho que acontece
acertamos a parede juntos e sentimos juntos a dor
Você está estático, mas o brilho ainda está contigo
Desde aquele não nos vimos mais
Minha vida, naquele tempo
Teve significativa mudança
Já não tinha graça comprar delírios na feira
Enfileirar sonhos e esperanças no chão de minha sala.
Os domingos, seriam como hoje
Chatos e sem inspiração
mas serviram como exemplo
pois quando você sentava no sue trono
Vermelho e branco
Depois, Azul e Branco
Me fez aprender o que era sonhar
O que era ter vontade de acordar no dia seguinte
e como essa sensação pode ser 
Simplesmente 
Eterna.
Não desisto e acredito
Nas loucuras que você fazia para me dar
Alegria e admiração

Você sempre foi espetacular no que fez.


quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Do que é Inoculável


Onde caminho
Onde respiro
Faz parte do meu ser
Questionar e sentir


Mas esse sentimento
Vem do vácuo
Do antes inoculável
Do que parecia tão distante
E ausente

Hoje, me pareces,
Real e oportuno
Sensível e plausível
Dentro do que ainda é cabível...
Entretanto
Distante do que pra mim
Parece impossível

E falando sobre isso
Penso sobre o impensável
Um estado abstrato
DO que há de mais profundo

E se isso é um sentido
Quero vive-lo
Dentro do mais sensível
Pois isso tem significado

E não existe
Razão mais “imprópria”
Pra saber se sou amado
Ou apenas detestado
Já que ambos os logradouros
Caminham lado a lado.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Sonhos

Um Sonho Infinito


"Si no nos dejáis soñar, no os dejaremos dormir"


As pessoas dizem que sonhar é algo bobo, tolo e para os fracos

E quando defendem os sonhos

Dizem que é por razões estúpidas e sem utilidade

Ora, mas o que é um sonho?

Sonho é tudo aquilo que parece distante

Mas que dentro de nós

É uma realidade admissível,

Melhor para os amantes

Devaneio?

Não! Recuso-me a desistir

E farei com que se irritem com meu disparate

Antes que pensem que isso é um mito

Farei que minha existência

Seja um pedaço de infinito

Legalistas, economistas e aqueles que lá em cima

Determinam que nosso delírio

Não passa de uma bobagem e incapacidade

Direi que não sabem o quanto são tolos

Sem ter ciência de que sonhar

É ter amor e felicidade

domingo, 4 de dezembro de 2011

Magrão



Até Sempre!

Acordei neste cinzento domingo com a triste notícia do falecimento do grande Doutor Sócrates e é então, com muita amargura que volto a escrever neste espaço. Ontem assistindo aos jogos da Seleção Brasileira na Copa de 82 na Espanha (talvez a última a representar nosso povo) me emocionei com as atuações de Sócrates, Zico, Falcão e Éder.

Enquanto observa a magia daquele time dirigido brilhantemente por Telê Santana, pensava com meus botões “Como pessoas com Sócrates podem morrer?" "Isso não faz sentido algum” e ele morreu no dia seguinte. Mas não é a sua ocultação deste mundo insano que fará com que suas idéias desapareçam, que seus toques de calcanhar sejam esquecidos. São nossas ações que nos marcam e vendo a vida sob esta perspectiva tenho a certeza de que homens como ele não morrem nunca e apesar da tristeza que me aperta o coração, tenho a confiança de que a despedida de Sócrates servirá como incentivo para que eu continue fazendo o diferente, vivendo por aquilo que acredito e lutando pelos sonhos que espero. Não só eu, mas todos aqueles os quais o Sócrates serviu de inspiração para construir um munddo melhor.

Obrigado Magrão!

A seguir um trecho do belo texto do Flavio Gomes sobre o falecimento do Doutor Sócrates


Avança a fita.
Ano passado, um velho e empoeirado e querido pub em Pinheiros, faz frio, as portas já fechadas, o dono não quer nem saber, quem quiser fumar, fume, fumem e bebam antes que o mundo acabe, o amigo tocando violão, a gente ali, tentando entender o que estava acontecendo com nossas vidas, aí ele entra alto, forte, senta, pede um vinho, sorri, canta, sorri, bebe, sorri, fuma, e a gente tira foto com ele, e o mundo é um lugar até aceitável quando a gente vê que tem gente como ele, que jogava bola, que só vencia a timidez diante da multidão falando e tocando de calcanhar, e que sorria, e bebia e fumava.
Sócrates morreu de tanto viver, que é uma boa forma de morrer.

domingo, 21 de agosto de 2011

Boaventura de Sousa Santos: Os limites da ordem

As sociedades contemporâneas estão gerando um combustível altamente inflamável que flui nos subsolos da vida coletiva. Trata-se de um combustível constituído pela mistura de quatro componentes: a promoção conjunta da desigualdade social e do individualismo, a mercantilização da vida individual e coletiva, a prática do racismo em nome da tolerância e o sequestro da democracia por elites privilegiadas, com a consequente transformação da política na administração do roubo “legal” dos cidadãos e do mal estar que provoca.

Os violentos distúrbios ocorridos na Inglaterra não devem ser vistos como um fenômeno isolado. Eles representam um perturbador sinal dos tempos. Sem se dar conta, as sociedades contemporâneas estão gerando um combustível altamente inflamável que flui nos subsolos da vida coletiva. Quando chegam à superfície, podem provocar um incêndio social de proporções inimagináveis.

Trata-se de um combustível constituído pela mistura de quatro componentes: a promoção conjunta da desigualdade social e do individualismo, a mercantilização da vida individual e coletiva, a prática do racismo em nome da tolerância e o sequestro da democracia por elites privilegiadas, com a consequente transformação da política na administração do roubo “legal” dos cidadãos e do mal estar que provoca.

Cada um destes componentes têm uma contradição interna: quando se superpõem, qualquer incidente pode provocar uma explosão.

- Desigualdade e individualismo. Com o neoliberalismo, o aumento brutal da desigualdade social deixou de ser um problema para passar a ser uma solução. A ostentação dos ricos e dos multimilionários transformou-se na prova do êxito de um modelo social que só deixa miséria para a imensa maioria dos cidadãos, supostamente porque estes não esforçam o suficiente para ter sucesso na vida. Isso só foi possível com a conversão do individualismo em um valor absoluto, o qual, paradoxalmente, só pode ser experimentado como uma utopia da igualdade, a possibilidade de que todos prescindam igualmente da solidariedade social, seja como seus agentes, seja como seus beneficiários. Para o indivíduo assim concebido, a desigualdade unicamente é um problema quando ela é adversa a ele e, quando isso ocorre, nunca é reconhecida como merecida.

- Mercantilização da vida. A sociedade de consumo consiste na substituição das relações entre pessoas pelas relações entre pessoas e coisas. Os objetos de consumo deixam de satisfazer necessidades para criá-las incessantemente e o investimento pessoal neles é tão intenso quando se tem como quando não se tem. Os centros comerciais são a visão espectral de uma rede de relações sociais que começa e termina nos objetos. O capital, com sua sede infinita de lucros, submeteu à lógica mercantil bens que sempre pensamos que eram demasiado comuns (como a água e o ar) ou demasiado pessoais (a intimidade e as convicções políticas) para serem comercializados no mercado. Entre acreditar que o dinheiro media tudo e acreditar que se pode fazer tudo para obtê-lo há um passo muito menor do que se pensa. Os poderosos dão esse passo todos os dias sem que nada ocorra a eles. Os despossuídos, que pensam que podem fazer o mesmo, terminam nas prisões.

- O racismo da tolerância. Os distúrbios na Inglaterra começaram com uma dimensão racial. O mesmo ocorreu em 1981 e nos distúrbios que sacudiram a França em 2005. Não é uma coincidência: são irrupções da sociabilidade colonial que continua dominando nossas sociedades, décadas depois do fim do colonialismo político. O racismo é apenas um componente, já que em todos os distúrbios mencionados participaram jovens de diversos grupos étnicos. Mas é importante, porque reúne a exclusão social com um elemento de insondável corrosão da autoestima, a inferioridade do ser agravada pela inferioridade do ter. Em nossas cidades, um jovem negro vive cotidianamente sob uma suspeita social que existe independentemente do que ele ou ela seja ou faça. E esta suspeita é muito mais virulenta quando se produz em uma sociedade distraída pelas políticas oficiais de luta contra a discriminação e pela fachada do multiculturalismo e da benevolência da tolerância.

- O sequestro da democracia. O que há em comum entre os distúrbios na Inglaterra e a destruição do bem estar dos cidadãos provocada pelas políticas de austeridade dirigidas pelas agências classificadoras e os mercados financeiros? Ambos são sinais das extremas limitações da ordem democrática. Os jovens rebeldes cometeram delitos, mas não estamos frente a uma “pura e simples” delinquência, como afirmou o primeiro ministro David Cameron. Estamos frente a uma denúncia política violenta de um modelo social e político que tem recursos para resgatar os bancos, mas não para resgatar os jovens de uma vida de espera sem esperança, do pesadelo de uma educação cada vez mais cara e irrelevante dado o aumento do desemprego, do completo abandono em comunidades que as políticas públicas antissociais transformaram em campos de treinamento da raiva, da anomia e da rebelião.

Entre o poder neoliberal instalado e os rebeldes urbanos há uma simetria perturbadora. A indiferença social, a arrogância, a distribuição injusta dos sacrifícios estão semeando o caos, a violência e o medo, e aqueles que estão realizando essa semeadura vão dizer amanhã, genuinamente ofendidos, que o que eles semearam nada tinha a ver com o caos, a violência e o medo instalados nas ruas de nossas cidades. Os que promovem a desordem estão no poder e poderiam ser imitados por aqueles que não têm poder para colocá-los em ordem.


(*) Doutor em Sociologia do Direito; professor nas universidades de Coimbra (Portugal) e Wisconsin (EUA).

(**) Traduzido por Katarina Peixoto da versão em espanhol publicada no jornal Página/12